quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sair do armário

Tava pensando hoje nas coisas que andam me desagradando e mesmo assim não consegui justificar minha imensa insatisfação com minha vida laboral mesmo sabendo que estou melhor que 90% da população. Achei até mesquinho da minha parte visto que ganho satisfatoriamente e tenho um trabalho relativamente gratificante. Mas foi aí, nesta segurança, neste mundo fácil, dócil e seguro que passei a lamentar minha situação desesperadora de não me satisfazer com essa fase e de lutar todos os dias para que de alguma o sistema, ainda que dominante em minhas iniciativas, mude...de alguma forma, por favor, mude.

Infelizmente não posso deixar de ganhar algum por mês, e também não consigo investir porque este algum é insuficiente para começar algo relevante e me pego pensando neste ciclo preso ao sistema e que preciso fazer alguma coisa contra ele. Justo eu, ex-petista (e enganado), reacionário e cheio de projetos, me vejo numa situação que estou engajado num sistema de facilidades, concomitantes com meu magro e insatisfatório sucesso. É patético, eu sei. Mas você deve sentir o mesmo. Você deve estar preso aí, numa cadeira, cheio de projetos, cheio de esperanças de ser melhor, de ter relevância e tudo que vem até você é outro trabalho medíocre sem nenhum sentido aparente que as pessoas julgam como gosto ou não gosto, sem nenhuma satisfação técnica adicional. Mesmo assim estamos presos. Sabe como aqueles travestis que vivem dizendo que são mulheres que estão presas num corpo de homem? Então, é mais ou menos isso. Somos todos travestis presos nestes corpos de funcionários benevolentes, assíduos e preocupados quando justamente as pessoas que deveriam nos estimular esquecem-se de detalhes que poderiam nos devolver o mínimo de ânimo em cada ação ou decisão tomada. Mas não, isso não é feito. E por muito tempo não consegui sair disto, ir pra longe, mudar...Me senti ridículo por isso. Não há justificativas. Mas eu me senti ridículo. Isso aconteceu alguma vez com você? É, comigo sim. E pretendo fazer algo a respeito. Algo radical. Algo específico e com fundamento. Algo bom pra mim. Finalmente sei que devo fazer algo menos sensato financeiramente e melhor para mim mesmo. E eu farei. Façam vocês também. Sem medos. Ou com medos, como eu. Mas façam de uma vez por todas. Ou nada mudará. Muito menos eu ou vocês.

2 comentários:

  1. É por isso que todo ano me pego anotando o que poderia mudar desse ciclo vicioso, o que posso e devo fazer de diferente, e guardo na carteira. Vira e mexe pego o papel releio e vejo o quanto ainda estou ligada ao sistema ou o quanto mudei. Aquele papel é único elo de ligação do que sou com o que gostaria de ser.
    Funciona!!! Algumas mudanças vêm, preciso correr riscos. Quase sempre dá certo! As que num deram pelo menos ficaram como lembrança de que tentar é necessário!

    Se não anotar acabo me perdendo novamente...
    Sim, estou dentro do sistema, mas não me renderei, jamais!
    Saudades...

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