terça-feira, 8 de outubro de 2013

Vida lúcida

"Quando olho para trás, vejo tudo o que já consegui na vida, tenho orgulho em dizer bla bla bla..."

Lendo frases que começam assim pode até parecer se tratar de uma avó ou de seus pais, tios mais velhos, mas não é, as pessoas têm essa sensação, esta mesmo que você tem, de que já fizeram muito na vida. Que me desculpem os adeptos, mas vejo nisto uma grande besteira. Este sentimento de ter produzido muito é irreal e pode ser várias coisas, entre elas, a de precisar ouvir mais elogios, ou de querer obtê-los quando não os merecemos ainda. Talvez devido a vida intensa de excessos que levamos pode levar a esta falsa impressão. Tudo hoje é superlativo. Conhecemos as pessoas 2 minutos e já as amamos perdidamente. Relacionamentos de 2 meses parecem uma vida inteira, empregos em que as 8 horas parecem 16 e por aí vai. Tudo parece ser demais pra gente. Bebemos demais, comemos demais, fazemos exercícios demais, tudo é demais e nós queremos mais. Não paramos realmente para entender se fizemos muito ou não, se era hora ou não, e na minha opinião não somos maduros para a maioria das decisões que tomamos, ainda somos jovens, crianças tentando entender como a vida acontece.

Ter 35 anos é somente o meu vigésimo aniversário do que eu considero uma VIDA LÚCIDA. Não lembro se escrevi sobre este conceito aqui alguma vez (até vasculhei no histórico mas não achei) mas é o seguinte: a sua idade cronológica não reflete sua idade real. Quando alguém diz ter 35 anos, de fato ela não o tem. Ela tem a idade cronológica (marcada desde o nascimento), mas quantos destes anos passamos totalmente dependentes dos nossos pais (tios, vós, etc) e quantos destes anos passamos sem realmente sofrer as consequências dos nossos atos? Se você começou a trabalhar cedo e a comprar suas próprias roupas e pagar algumas contas (ao menos as pessoais) então considere aquele momento como o seu nascimento real, porque tudo o que veio antes serviu apenas de prelúdio para o que de fato você tem agora: uma vida lúcida. Aquela na qual você diz algo sem pensar e alguém se machuca (e não apenas faz bico), você deixa de pagar uma conta e seu nome vai pro pau, enfim, você se torna responsável por toda sua vida minúscula e patética (sim, patética, todos nós somos e se você acha que é alguém, por favor assista este vídeo aqui). Isto talvez explique algumas coisas, como por exemplo o fato de que nossos amados pais também erram feio as vezes, oras, eles ainda estão aprendendo e nós devemos respeitar isso, temos que respeitar que cada um possui uma linha de aprendizado diferente e que a velocidade de absorção do que se aprende também é diferente.

Então me preocupa o fato de as pessoas quererem o reconhecimento imediatamente, quererem que desde agora a gente pense em como elas são bem sucedidas, ou em como elas merecem o que de fato querem (algumas realmente merecem mesmo). Tenha calma, viva primeiro, faça primeiro, seja bom primeiro, e com certeza você um dia merecerá muitos elogios, mas um dia, porque hoje talvez você ainda seja um adolescente lúcido ou apenas um jovem adulto errando mais do que acertando.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Convite

Não sei como algumas pessoas têm a coragem de escrever fotógrafo ao lado do nome delas... Eu estudo fotografia há 10 anos, equipamento há 4 e história e há 2 e me considero um idiota no assunto.
É muita vontade de ter um ofício, uma profissão ou simplesmente muita pretensão. Fotógrafo é alguém singular, com referências quase infinitas da formação da imagem, ciente de que seu equipamento de ponta é necessário para proporcionar a melhor composição e não o maior tamanho possível. Fotografia é uma religião, precisa ser estudada todos os dias, precisa de carinho, precisa que você seja inquieto, chato, meticuloso, que você veja sombras indesejadas onde todos vêem a perfeição, micro ondulações, vincos quase invisíveis, uma pequena pedra, uma folha fora do lugar... todas essas coisas gritam aos olhos de um fotógrafo competente. Sim, apenas competente. Porque isto é obrigação. Ultimamente eu vejo cópia nos trabalhos locais. Não apenas cópia, mas cópia da cópia da cópia da cópia que foi feita em 1920, 30, 40, 50, as vezes 60 e 70, ocasionalmente 80 e 90 e muito raramente vejo um trabalho com uma linguagem original, referenciado é claro, mas original, novo, diferente, o resto são luzinhas de recorte, efeito vintage do instagram, meninas no meio da floresta com ar teen, rebeldes sem causa segurando cigarros e muita, muita falta de criatividade. Se você está ofendido, não desconte em mim, desconte na pessoa que não leu, não estudou, não foi atrás de algo novo, não pensou antes de clicar...

Se eu fosse fotógrafo profissional (e por profissional entenda que é aquele que ganha dinheiro fazendo isso todos os dias) eu ficaria tranquilo. Aliás, muito tranquilo. Podem ter muitos fotógrafos por aí, cobrando preços ridículos (veja este cara aqui), canibalizando o mercado entre outros termos pejorativos que você que está lendo pode criar, mas eu te garanto, se você for bom, mas bom de verdade, nunca faltará trabalho. Falo muito esta frase: conhece alguém realmente competente que está desempregado? Eu não. Mas seja sincero. Ser muito competente carrega sempre muitas coisas, entre elas ser bom no que se faz, ser eficaz (que é diferente de ser bom) e não ser um completo babaca arrogante.

Procuro alguém pra exercitar a fotografia. Fazer trabalhos inusitados com linguagens diferentes, com estudo. Se você é fotógrafo e não é um babaca arrogante, me procure, deve ter um e-mail em algum lugar desse site que você pode me mandar ou então volte lá no facebook (se foi de lá que você veio) e me chame no inbox e a gente inicia este projeto. Preciso ver coisas diferentes, nem que para isso eu mesmo tenha que tentar fazê-las (sim, não há garantias do nosso futuro ficar excelente). Te espero.