segunda-feira, 21 de abril de 2014

Luciano do Valle

Ainda preciso prestar mais homenagens ao Luciano do Valle. Não consigo acostumar. Sou mais fã dele do que da maioria dos esportistas do Brasil, incluindo Ayrton Senna de quem sou admirador incondicional.

Luciano foi além, me fez gostar de esportes. Sim. Esportes, todos eles praticamente. O domingo era de esportes na Bandeirantes. O dia todo. Ele comandava. Ele teve a ideia. Ele fez acontecer. Não tinha TV por assinatura como hoje direcionada para os nichos de esporte. Visionário.

Com ele aprendi a gostar do Futebol Internacional assistindo ao Campeonato Italiano, foi ele quem trouxe essa macarronada para as nossas manhãs de domingo, o Silvio Luis narrava, era genial. Aprendi a gostar do Futebol Americano (naquela época o 49ers ia muito bem obrigado, vai ver por isso, que sou fã e sofro até hoje junto com eles), da NBA (torcia para alguns jogadores, não para os times, primeiro Magic Johnson, Isaiah Thomas, Gary Peyton, Karl Malone, David Robinson, Larry Bird, Clyde Drexler, Hakeem Olajuon, Charles Barkley, Patrick Ewing e claro vossa majestade Michael Jordan, tem tantos outros que merecia um texto só pra eles, era uma época linda do basquete da NBA, ficava em casa na sexta a noite só pra ver os jogos).

Me apresentou o Vôlei de quadra e o Vôlei de Areia, a gente nem sabia direito o nome dos caras, mas torcia pra caramba, sofria, hoje somos 10X campeões do mundo no masculino e Bi-Campeão Olímpico no feminino, mas foi lá, bem antes disso tudo que ele acreditou que este esporte poderia ser um esporte nacional. E sabe de uma coisa? Ele acertou mais essa também.

Se o MMA está assim hoje, pode ter certeza que tem o dedo dele também. O brasileiro é fã de lutas e na época o boxe estava no auge com o Mike Tyson, e ele trouxe pra gente o Maguila que era uma brigador, mas era divertido, a gente queria que ele ganhasse logo só pra ver pra quem o Maguila iria mandar um abraço depois da luta. Ah Luciano, como você fazia bem pra todo mundo. Até Kickboxing passou na Bandeirantes naquela época.

E o automobilismo? Que maravilha. Era muito bom de ver Fórmula Indy, ainda é. Particularmente as 500 milhas de Indianápolis que o Émerson ganhou 2X. Não sabe que Émerson? Saia já deste blog e só volte quando deixar de ser alienado.

Foi com ele, Elia Júnior, Álvaro José, Juarez Suarez que aprendemos a gostar de outros esportes também. As aulas do Álvaro José de ginástica eram uma barbaridade, não só ginástica, o homem é uma enciclopédia, falava de todos os esportes, sabia de tudo. Obrigado. Ah Álvaro, obrigado também pela Fernanda Paes Leme (filha dele).

O começo do Futebol de Areia foi com ele, o Zico ainda jogava, o Júnior (não o Júnior Negão que na época era um menino, o original, o Leovegildo Lins da Gama Junior) veio depois. E tome título, organização de campeonato, Luciano era uma máquina de inventar coisas que a gente adorava. Mas nunca esqueceu do passado, dos grandes ídolos, vai ver por isso trouxe pra gente o Futebol Master (que na época levava mais gente ao estádio que jogo do Brasileirão), a gente podia ver Rivelino, Edu e até o Pelé participava as vezes, demais.

Luciano, que levou o vôlei a um Maracanã lotado com chuva, que narrou incontáveis jogos com maestria, e que errou uns poucos no fim da carreira, uma bobagem, quem não erra? Ele fez pelos esportes olímpicos mais do que todos os ministros juntos.

Luciano fez tudo e mais um pouco. Foram 11 copas do mundo a 12ª ia ser no Brasil, mas não deu tempo. Como faz pra ter copa sem Luciano do Valle? Não sei. A gente vai descobrir daqui 2 meses. Mas não vai ser a mesma coisa. E eu não vou esquecer você.

Obrigado Luciano. Você fará falta.
Na verdade, mesmo com todas as homenagens e com seu nome em evidência, já está fazendo.



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vida de Professor

Para preparar aula acho que a melhor trilha ainda é Pink Floyd, ajuda a pensar, abre um pouco a caixa de pandora, liga pensamentos, livros, experiências, parece que tudo flui melhor no psicodelismo. Para preparar prova: Rage Against The Machine.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Não me sinto um ser elevado, melhorado, detentor de um novo tipo de sabedoria freudiana/kantiana/proustiana porque sou pai. Sinto que as pessoas mistificam demais isso. A frase "só quem é pai entende" talvez seja uma das piores que já ouvi e li. Ninguém é melhor porque é pai e ninguém é pior porque não é. O fato é que existem pessoas mais sensíveis a certos sentimentos e outros são mais sensíveis a sentimentos completamente diferentes. Não há melhor nem pior. E alguns no auge deste sentimentalismo postam inúmeras vezes que tudo muda. Que o filho muda tudo na sua vida. Claro que muda. Você agora tem um filho. Alguém que depende completamente de você. Ele não é um cachorro que você coloca água e comida. Ele precisa de atenção total e incondicional. Neste caso, não é amor. É obrigação. Antes de amá-lo você tem o dever de cuidar do seu filho. Se você odiá-lo por mais torpe e ridículo que possa parecer alguém ter este sentimento você deve fazer o melhor para cuidar bem do seu filho. Depois você pode amá-lo com todas suas forças. Antes disso você precisa alimentar, proteger, entender, educar e mostrar que na sua casa ele é bem-vindo, mesmo que no fundo do seu coração peludo e gelado isto seja mentira. Não pode haver isto de amor de mãe, amor de pai, de eu amo mais isso ou aquilo. Ninguém ama mais que nada, não há atestado que assegure que seu amor é maior que o do vizinho. E vou além no desabafo, só porque seu filho andou mais cedo, falou mais cedo, aprendeu a empilhar bloquinhos mais cedo ou dorme toda noite que você bom pai. Nada é atestado de boa paternidade. Os bandidos mais sórdidos do mundo também já foram bebês fofinhos e gordinhos.

Filho não têm manual de instruções, não seguem as regras da casa e não dão a mínima para sua rotina, impor isso de forma a forçá-lo a ser idêntico a você é no mínimo egoísta e pretencioso. É como se você fosse a melhor coisa do universo ao melhor estilo, seja como eu e seja feliz. Filhos são apenas filhos. Não são seus amigos. E você não deve criar essa expectativa sobre eles. Não quero ser amigo do meu filho, quero ser mais, quero ser pai dele. Ser pai implica em milhares de coisas, uma delas é ser amigo na medida certa do seu filho que precisa saber que você é pai dele. Se você for muito duro ou muito mole terá problemas no futuro. Ou não. Entende?Não tem manual. E eu não estou certo. Eu apanhei a vida toda do meu pai pelas coisas mais bestas, mas ele nunca me agrediu, foi um homem rústico, duro, as vezes até ignorante mas era um ótimo pai. Ele esteva lá me vendo jogar bola, participou da minha educação do jeito dele e me viu com o canudo de graduação na mão, ele estava lá. Se perdeu a mão em alguns momentos, é porque ele também era um ser humano e errava, onde era o certo e o errado sinceramente não quero pensar agora. A sensação que ele me deixou, era que ela era um ótimo pai. E não foi porque ele me amou mais, tirou mais fotos e foi o cara mais parceiro do mundo comigo, mas cumpriu seu papel e não apenas cumpriu, ele elevou a profissão de pai a outro nível e é lá que eu espero chegar um dia. Não quero ser igual a ele. Só quero que meu filho tenha a mesma sensação que eu tenho. A de que tive um ótimo pai. Desculpe escrever hoje pai e desculpe começar assim, acho que precisava falar sobre paternirdade pra chegar até você, é que não tive coragem no dia do seu aniversário dia 23 de janeiro. Fui um covarde, ainda não aceito que você foi embora depois de 6 anos. Tenho certeza que foi uma tremenda injustiça você ter ido. Foi a única vez que você cometeu um erro grave, não me deixou me despedir de você.