terça-feira, 20 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Hoje é fácil...

Porque só agora que ser nerd é bacana? Eu sou nerd faz uns 20 anos e lembro que isso quase arruinou minha vida social. Eu ficava em casa, jogando rpg ou videogame em pleno sábado a noite. Fiz isso incontáveis vezes e nunca me arrependi. Adorava aquilo, lia tudo o que aparecia e comprava os livros que o orçamento na época permitia. Eu ficava tão grudado no computador que a turma achava que eu era hacker. Aliás, que coisa ridícula isso, eu era e sou micreiro até hoje. Sou fuçador. Hacker é outra coisa. E se você não sabe o que é isso, cara, você tá com um problema sério.

Os nerds de hoje tem voz. Todo mundo tuíta, tem blog. Eu tenho blog desde 2005 só (só?!). Meu único arrependimento foi não ter continuado com o mesmo endereço sempre. Mas tudo bem. Os nerds de hoje tem seus vampiros. Na década de 90 a cultura vampírica foi sintetizada principalmente por dois filmes: Entrevista com o Vampiro (sensacional!) e Drácula (do Bram Stoker, sensacional também). Eram filmes sutis, amargurados, com pessoas (ok, mortos-vivos) amarguradas, que sofriam dilemas. Hoje tem essa lenga lenga romântica e vampiros bonzinhos que brilham no sol. Isto é influência da nova-guarda-nerd-romântica-emo que quer sofrer, que quer morrer dramaticamente, que quer chorar e que acha que tudo isso é novo. Ora, amigo, meia hora de Nirvana era o suficiente pra todo mundo sofrer. Everybody Hurts do REM é com certeza a canção mais tocada antes de um suicídio. Esta estatística não existe mas que ela é real é, assim com as bruxas.

Lembro de passar noites no computador, atrás de informações obscuras, aprendendo, me relacionando com a novidade da internet. Talvez você não lembre dessa fase. De quando ela engatinhava em alguns lugares e já voava em outros, mas eu lembro. Tive a sorte de ser um dos primeiros a ter internet via rádio. As pessoas me pediam pra eu dar um print na tela pra mostrar meus downloads de 70 ou 90 kbps, banal hoje em dia.

O nerd de hoje não tá habilitado pra ser um nerd real. Só porque usa óculos e escuta Maria Gadú e Malu Magalhães acha é que alternativo. Oras meu chapa, você tá enganado, essa merda alternativa é toda enlatada, toda derivada de um estudo de marketing sensacional para tornar você um consumidor mais ativo. Até o seu cabelo você copia dos outros. Alisa com chapinha pra ficar igual o Justin Bieber ou deixa uma moitona pra pensar que é black power e você nem sabe o que é esse movimento. O nerd tem camiseta do Che Guevara e nem sabe quem ele é (ah, foi um cara revolucionário que libertou a América do Sul é a resposta mais comum. Não parceiro, ele foi um assassino. Pra trocar em miúdos com alguma coisa atual, o Bruno e o Macarrão são dois amadores perto da sordidez do Che). Ou usa camiseta do Ramones sem nunca ter ouvido ou conhecido a banda. Ser comum hoje é que é estranho. Ser normal e careta é que ser doido. Respeitar as leis e não fumar maconha é que é viajar. Então eu devo ser o cara mais louco do planeta. O mais nerd de todos. O joker do baralho.

Lembro quando ler quadrinho era coisa de criança. E hoje é filme de quadrinho toda hora. Ser nerd hoje é fácil. Todo mundo aceita suas esquisitices porque hoje o mundo todo é customizado, é preparado pra receber você como único e verdadeiro. Antes, se eu usava uma camiseta com a logo do super-homem, do chapolin, eu era um idiota, um crianção, alguém que parou no tempo. E hoje é engraçado, é até respeitado. Hoje é fácil ser nerd.

Reboot

To completamente sem inspiração. Acho que to lendo muita coisa ruim. Era bom voltar ao básico. Livros, com páginas, letrinhas pretas, capas feias e informação de conteúdo. Nem lembro que horas eu deixei de ler. Aliás eu nunca deixei de ler, tanto que estou escrevendo aqui, mas leio somente coisas online, texto enormes dos mais variados assuntos, leio contos, leio power points, leio notícias, e parece que isso tudo fez meu vocabulário cair igual um velho bêbado com problema no joelho. Só de estar escrevendo sobre a falta de inspiração é um problema. Não, é maior do que apenas um problema. É um clichê. Uma artimanha, um recurso vazio de quem precisa digitar pra acontecer alguma outra coisa. Preciso me reciclar. Completamente e novamente.